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Começou o cessar-fogo entre o ELN e o Estado colombiano

Começou o cessar-fogo entre o ELN e o Estado colombiano

O acordo, que será monitorado pela ONU, terá duração de 180 dias e é fruto de uma negociação iniciadas em dezembro de 2022 com o governo de Gustavo Petro. O ELN foi fundado em 1964 e possui cerca de 2 mil combatentes

Por Correspondente da IPS em Bogotá

O cessar-fogo acordado entre o governo da Colômbia e a guerrilha esquerdista Exército de Libertação Nacional (ELN) começou na última quinta-feira (3), e deve durar 180 dias, contando com verificação por parte das Nações Unidas.

“A partir de hoje, entrou em vigor o cessar-fogo bilateral, nacional e temporário entre o Estado colombiano e o Exército de Libertação Nacional. O governo do presidente Gustavo Petro protege a vida de todos os colombianos”, anunciou o gabinete do alto comissário do governo para a paz, Danilo Rueda.

O cessar-fogo foi acordado em 9 de junho, durante uma das rodadas de negociações entre as partes realizadas em Havana, e é visto como um fator-chave no projeto de “paz total” promovido por Petro, o primeiro presidente de esquerda do país, em relação a diferentes grupos armados que atuam no país.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a extensão do mandato de sua missão na Colômbia para verificar o cessar-fogo, e o secretário-geral, António Guterres, afirmou que estão prontos para iniciar essa parte dos trabalhos.

“Os esforços contínuos da Colômbia para ampliar a paz por meio do diálogo estão avançando”, disse Guterres ao parabenizar tanto o governo quanto o ELN, e instou as partes a “manterem seu compromisso em aliviar o sofrimento dos civis”.

Durante o dia, o Comitê Nacional de Participação (CNP) foi instalado na capital, também negociado entre o governo e o ELN para garantir que muitos atores sociais e institucionais participem dos diálogos que possam levar a uma paz sólida.

“Há décadas dizemos que isso não pode ser resolvido com um diálogo de mão dupla, para os problemas da Colômbia isso é insuficiente. Nossa esperança é que isso seja muito inclusivo, muito amplo. Aspiramos que ninguém fique de fora”, disse o comandante guerrilheiro Pablo Beltrán, também conhecido como Israel Ramírez, ao falar na instalação do CNP.

Por sua vez, o chefe da equipe governamental, Otty Patiño, afirmou que “pela primeira vez desde o início deste conflito armado que já dura quase 60 anos, o Estado, a sociedade colombiana, a comunidade internacional e o ELN se reuniram para empreender um intenso processo de convergência e construção da paz”.

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“Trata-se de encontrar um caminho para essa visão compartilhada de paz”, acrescentou Patiño.

O CNP deve coletar, em todo o país, propostas das comunidades e organizações sobre as mudanças necessárias para fortalecer socialmente o processo de paz, e com elas formular políticas e projetos que serão discutidos pelos negociadores do governo e do ELN.

O ELN, uma guerrilha fundada em 1964, possui cerca de 2 mil combatentes, segundo fontes militares, e tem presença em mais de 200 municípios, sendo a maior formação guerrilheira da região, depois que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) se desmobilizaram após assinar um acordo de paz em 2016.

Nas últimas três décadas, o ELN participou de diálogos voltados para a paz com diferentes governos, mas eles foram infrutíferos e nunca havia sido concretizado um cessar-fogo, como o acordado a partir das negociações iniciadas em dezembro de 2022 com o governo de Petro.

A liderança do ELN divulgou vídeos ordenando suas colunas a cessarem todas as operações ofensivas, e embora o acordo de cessar-fogo não especifique quais ações serão permitidas, as partes se comprometeram a “não realizar ações proibidas pelo direito internacional humanitário”.

A Defensoria do Povo, em particular, pediu que o ELN deixe de recrutar menores de idade em suas fileiras, pois “nossas crianças e adolescentes não podem, de maneira alguma, empunhar armas à força para atacar os próprios colombianos”, disse seu chefe, Carlos Camargo.

Para o cessar-fogo, foi implementado um mecanismo de verificação e monitoramento – que contará com o apoio da ONU – para acompanhar o cumprimento da medida, com relatórios mensais que permitirão às partes estenderem a trégua ou suspendê-la.

*Imagem em Destaque: O Comitê Nacional de Participação, que irá coletar propostas dos setores sociais e tentar incorporá-las ao acordo de paz, foi instalado na Colômbia nesta quinta-feira, 3, ao mesmo tempo em que se iniciava um cessar-fogo, que deve durar seis meses, entre as forças do governo e as da guerrilha Exército de Libertação Nacional (Imagem: Presidência da República da Colômbia)

**Publicado originalmente em IPS – Inter Press Service | Tradução de Marcos Diniz

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