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Financiamento de agência da ONU que socorre os palestinos está ameaçado

Financiamento de agência da ONU que socorre os palestinos está ameaçado

UNRWA entra na mira de Israel, que alega envolvimento de 12 funcionários da agência nos ataques do Hamas de 7 de outubro. 2 milhões de pessoas em Gaza dependem do socorro oferecido pelos seus profissionais: 152 morreram, 3 mil permanecem na região.


POR NAUREEN HOSSAIN

NAÇÕES UNIDAS (IPS) – As consequências da investigação de 12 funcionários da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, em inglês), supostamente ligados ao ataque do Hamas em Israel em 7 de outubro, levaram grandes países doadores a retirar o apoio à agência da ONU, que apela aos governos que continuem com a ajuda frente à crise humanitária em Gaza.

O primeiro a suspender o financiamento foi os Estados Unidos, em 26 de janeiro. Desde então, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Finlândia, Canadá e a União Europeia também suspenderam o financiamento.

A razão comum citada foi que o financiamento não seria continuado até o resultado das investagções sobre as alegações contra os funcionários da UNRWA.

Esta agência da ONU depende em grande parte de financiamento de doadores, especialmente dos principais países membros, como os Estados Unidos, que foi seu maior doador em 2022, com uma contribuição de mais de 343 milhões de dólares. No mesmo ano, EUA, Alemanha e os países da UE estavam entre os maiores doadores individuais, respondendo por 61,4 % do financiamento geral da agência.

O porta-voz Stéphane Dujarric informou os repórteres na segunda-feira sobre a investigação da UNRWA após o governo israelense apresentar alegações de que funcionários da UNRWA estavam envolvidos no ataque de 7 de outubro.

Ele confirmou que o Escritório de Supervisão Interna das Nações Unidas (OIOS) iniciou sua investigação na agência e que o Secretário-Geral António Guterres se reuniu com o chefe da OIOS para garantir que a investigação fosse feita “o mais rapidamente e eficientemente possível”.

Ele também informou aos repórteres que Guterres se reuniria com os Representantes Permanentes da ONU dos países doadores da UNRWA na terça-feira.

Em uma declaração separada, Guterres expressou que estava “horrorizado com essas acusações”. Ele também “apelo fortemente aos governos que têm contribuições para, pelo menos, garantir a continuidade das operações da UNRWA”.

É crucial que as operações da UNRWA continuem na atual crise humanitária, pois 2 milhões de civis em Gaza dependem da ajuda que ela oferece.

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“Nenhuma outra organização além da UNRWA tem a infraestrutura para fazer o trabalho que eles fazem”, disse Dujarric.

As operações da UNRWA vão desde fornecer escolas até abrigos e administrar centros de saúde. Desde a guerra atual entre Israel e o Hamas, pelo menos 145 instalações da UNRWA foram danificadas.

Relatório recente da agência informa que 1,7 milhão de pessoas deslocadas estão em abrigos de emergência, públicos ou administrados pela UNRWA, acrescentando que esses abrigos estão congestionados. Apenas quatro dos 22 centros de saúde da UNRWA estão operando e 152 funcionários foram relatados como mortos. Enquanto isso, 3.000 dos 13.000 funcionários da UNRWA, palestinos em sua maioria, estão em Gaza dando continuidade ao trabalho.

Apesar de sua presença crucial e das necessidades urgentes que a UNRWA atende, as alegações de envolvimento dos seus funcionários com o Hamas minaram o apoio à agência. O governo israelense forneceu um dossiê aos Estados Unidos, detalhando as alegações de que pelo menos 10% da agência pertenciam ao Hamas. O dossiê não foi compartilhado com a ONU, aponta Dujarric.

Embora as medidas iniciais da UNRWA tenham sido identificar os 12 funcionários acusados e rescindir os seus contratos, a suspensão de fundos pelos principais países doadores impactará inevitavelmente as operações de toda a agência. A ONU alertou que o financiamento atual é insuficiente para atender as necessidades até fevereiro. O medo é de que os fundos se esgotem em poucas semanas.

Em uma declaração, o Comissário-Geral da UNRWA, Phillipe Lazzarini, afirmou que “seria imensamente irresponsável sancionar uma agência e uma comunidade inteira que ela atende devido a alegações de atos criminosos contra alguns indivíduos, especialmente em um momento de guerra, deslocamento e crises políticas na região”.

Lazzarini instou a UNRWA a “fortalecer seu quadro para a adesão estrita de todos os funcionários aos princípios humanitários” pedindo uma investigação independente adicional por especialistas externos além da investigação da OIOS.

Relatório da Agência de Notícias IPS UN


Ameaçada, ajuda humanitária da UNRWA é crucial para o povo palestino na Faixa de Gaza. Crédito: Hussein Owda/UNRWA.

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