Lula reúne líderes da região amazônica para discutir desafios em cúpula
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Cúpula da Amazônia, que teve início hoje na cidade de Belém, reunindo representantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica e de outros países, é o grande assunto da mídia internacional sobre o Brasil nesta terça-feira (8)
União por um futuro verde
A Cúpula da Amazônia, que teve início hoje na cidade de Belém, marca um ponto de virada na história da região, declarou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o El Mercurio, Lula ressaltou que a Amazônia não pode mais ser saqueada por alguns, mas sim ser um “passaporte” para uma nova relação mundial dos países amazônicos. A cúpula reúne líderes dos oito países da região e convidados, como Indonésia, República do Congo e República Democrática do Congo, que compartilham vastas áreas de floresta tropical.
O encontro busca abordar as questões estruturais da região, como a falta de água potável, fome e insegurança causada por organizações criminosas. Para isso, Lula propõe o fortalecimento da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), a revitalização do Parlamento Amazônico e a inclusão de jovens, mulheres e povos indígenas nas discussões.
O Clarín destaca que a cúpula é vista como um ensaio para a Conferência COP30 sobre mudanças climáticas em 2025. Os líderes estão discutindo estratégias para combater o desmatamento, o crime organizado e promover o desenvolvimento sustentável na região que abriga cerca de 10% da biodiversidade global. A Declaração de Belém, resultado desse encontro, deve incluir metas para erradicar o desmatamento até 2030 e abordar a exploração de hidrocarbonetos, como relata o NODAL.
De acordo com o El Diario, o presidente colombiano Gustavo Petro enfatiza a urgência de eliminar os combustíveis fósseis para preservar a Amazônia e outras florestas tropicais. O desafio de combinar mudanças climáticas e uso da terra exige ação imediata. A conservação das florestas depende de uma nova bioeconomia e uma nova arquitetura financeira, incluindo projetos de restauração florestal nos trópicos.
A Reuters destaca que a cúpula visa um acordo amplo em questões que vão desde o combate ao desmatamento até o financiamento do desenvolvimento sustentável. O presidente brasileiro busca restaurar a liderança ambiental do país e pressiona pela adoção de metas para zerar o desflorestamento até 2030. A cúpula também busca cooperação transfronteiriça para enfrentar ameaças como o narcotráfico ambiental.
O Brasil também está buscando a inclusão digital para a região, por meio do programa “Norte Conectado”, anunciado nesta segunda-feira (7) pelo presidente Lula. O projeto visa instalar cabos de fibra óptica nos rios amazônicos para conectar áreas remotas, conforme informações do Página/12. A cúpula busca equilibrar a proteção do ecossistema com melhores condições de vida para as comunidades locais.
O El Mercurio também destaca a manifestação com indígenas de várias regiões do Brasil que antecedeu a abertura da cúpula, exigindo ações contra violações de direitos humanos e apropriação de terras, e reivindicando a demarcação de territórios para combater a violência contínua.
O colombiano El Tiempo informou que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, não participará do evento devido a uma otite. Maduro suspendeu sua agenda pública a partir desta segunda-feira, sendo representado no evento pelo chanceler Yván Gil e pela vice-presidente Delcy Rodríguez.
Nos dias que antecederam a cúpula, milhares de ativistas indígenas se reuniram para um encontro paralelo em Belém, buscando apoio governamental para a proteção da floresta tropical e pressionando por um compromisso de preservar 80% da Amazônia até 2025, informa o Guardian. Enquanto alguns celebram Lula por encerrar o caos amazônico sob Bolsonaro, outros temem que um congresso conservador bloqueie sua ambiciosa agenda ambiental, que já reduziu o desmatamento em 42,5%. Alessandra Korap, líder Munduruku, alertou para inimigos no congresso e instou Lula a combater a exploração petrolífera na Amazônia e a opor-se a um polêmico projeto de lei que ameaça reivindicações indígenas de terras não comprovadamente ocupadas em 1988. “Isso significaria a morte de nossos povos”, afirmou Korap.
Polícia que extermina e discrimina
O Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE) publica texto opinativo do cientista social Fernando de la Cuadra intitulado “A Polícia Brasileira Opera como uma Máquina de Extermínio“. O autor destaca a escalada recente de violência policial no Brasil, evidenciada por três massacres perpetrados pelas Polícias Militar e Civil nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, que resultaram em pelo menos 45 mortes, chamando a atenção para o uso excessivo da força pelas autoridades.
De forma alarmante, os relatos das comunidades afetadas indicam que vítimas desarmadas foram executadas sumariamente, negando-lhes qualquer chance de defesa legítima. O padrão de mortes aponta para um grave problema de discriminação racial e social, onde jovens, principalmente negros e pobres, são os mais afetados. A análise histórica de Cuadra revela como a violência policial tem raízes profundas na formação do Brasil, com as favelas sendo estigmatizadas e tratadas como focos de criminalidade.
A resposta do Estado, particularmente nos tempos de neoliberalismo, tem sido a intensificação da repressão nas comunidades mais vulneráveis, ampliando o ciclo de medo e controle. O autor conclama o governo e a sociedade a agirem para transformar essa realidade macabra, rompendo com a impunidade policial e garantindo o respeito aos direitos humanos.
Acordo UE-Mercosul
O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, sugeriu que o Mercosul e a União Europeia suspendam as negociações para um acordo de livre comércio, citando a falta de interesse claro da UE em avançar, aponta publicação do argentino La Nación.
Em uma entrevista à Reuters antes de assumir o cargo, Peña criticou as adendas ambientais propostas pela UE ao acordo original de 2019, considerando-as inaceitáveis e prejudiciais ao desenvolvimento produtivo do Paraguai. Ele enfatizou que a UE precisa ser honesta sobre seu comprometimento com o acordo, e expressou frustração com as mudanças frequentes nas negociações, defendendo uma decisão definitiva sobre a continuação das conversas. Representantes do Mercosul estão trabalhando em uma contraproposta para discutir com a UE até o final do ano.
Peña também mencionou suas alianças com o Brasil, onde planeja impulsionar cadeias produtivas, e suas intenções de receber investimentos de Taiwan, país com o qual mantém laços e que apoia sua busca por uma economia industrializada. Ele ainda revelou a intenção de transferir a embaixada paraguaia de Tel Aviv para Jerusalém ainda este ano.
*Imagem em destaque: Presidente Lula participa da reunião dos Chefes de Estado e de Governo dos países signatários do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), em Belém (PA). (Ricardo Stuckert/PR)
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